Daniel - Minhas Considerações iniciais

 

Daniel – comentários iniciais

 

            Temos como informações que Daniel 2 a 7 foram escritos em aramaico e 8 em diante em hebraico. Vamos analisar, dentro do possível, basicamente considerando o texto em português.

 

Daniel 2

Daniel 7

Daniel 8

Cabeça de Ouro – relatada como Babilônia – reino universal - pelo próprio Daniel.      (v. 32; 37-38)

Como um Leão com asas – perde as asas, em pé como homem, coração de homem – sem interpretação específica no capítulo (v. 4; 12; 17).

------------------------------ (nada sobre este reino). Mas Daniel já havia revelado que era Babilônia.

Peito e Braços de Prata – reino inferior/abaixo em majestade, ou simplesmente abaixo na estátua. (v. 32; 39)

Semelhante a Urso devorador de carne, levantado de um lado, três costelas entre os dentes – sem interpretação específica (v. 5; 12; 17).

Carneiro diante do rio – dois chifres altos – o chifre mais alto subiu por último. Dava marradas ao ocidente, norte e sul – Média e Pérsia. (v. 3-4; 20)

Ventre e coxas de bronze – reino com domínio sobre toda a terra.    (v. 32; 39)

Semelhante a Leopardo com 04 asas de ave e 04 cabeças – domínio foi dado a ele – idem. (v. 6; ; 12; 17).

Bode vindo do ocidente sem tocar no chão, chifre notável entre os olhos, que cai e surgem outros 04, menos fortes. Grécia e seu 1o rei, 04 sucessores. (v. 5-8; 21-22)

Pernas de Ferro – Quarto reino - forte como ferro, a tudo quebra. (v. 33; 40).

Quarto animal, terrível e espantoso, muito forte, dentes grandes de ferro, unhas de bronze devorava, pisava, 10 chifres – Daniel curioso para conhecer – quarto reino na terra, dele se levantarão 10 reis. (v. 7; 11; 12;  17; 20; 23-24)

-------------------------------- (nada sobre este reino ou terceiro e quarto animais estariam embutidos em algo não declarado sobre o bode; na segunda noção, teríamos dificuldade de alinhar Roma ao cumprimento. Como as 04 cabeças do leopardo e os 04 chifres do bode se identificam, assim como o poder destrutivo do quarto animal dos capítulos 2 e 7, e os dedos do cap. 2  se identificam com os 10 chifres do cap. 7, este quarto animal não poderia estar associado ao bode – é outro)

Pés de ferro e barro. Daniel enfatiza os dedos na interpretação.         (v. 33 e 41-43)

Dez chifres – dez reis que se levantarão do quarto reino. (v. 7-8; 20; 24).

---------------------------------      (nada sobre os 10 chifres). Para considerar que o chifre muito pequeno do cap. 8 seja o mesmo chifre pequeno do cap. 9, precisamos confirmar se em Daniel aparece novamente o ato de omitir algo nas revelações progressivas dos capítulos.     

 

Chifre pequeno. Três chifres arrancados. Olhos de homem; boca falando com vanglória (v. 8, 11). “Proferira palavras contra o Altíssimo, destruirá os Seus santos, cuidara em mudar os tempos e a(s) lei(s). Eles serão entregues a ele por um tempo, tempos e metade de um tempo.”

Chifre muito pequeno, que cresceu muito para o sul, o oriente e a terra formosa. Engrandeceu-se ao exército do céu, alguns do exercito e suas estrelas, pisou-as. Engrandeceu-se ao príncipe do exercito e tirou seu continuo, lançou por terra lugar do seu santuário. Exército e contínuo entregues por causa das transgressões. Feroz de semblante, entendido em enigmas; grande força não dele mesmo. Destruirá os poderosos e povo santo; prosperará o engano. Quebrado sem esforço de mãos humanas. (v. 9-12; 23-25)

 

 

“Até quando durara a visão do continuo, da transgressão assoladora para que seja entregue o santuário, e o exercito, a fim de serem pisados?”. Ou seja, quando termina a visão? (Desde o carneiro ou desde o chifre?).

 

 

“Até duas mil e trezentas tardes e manhãs, e o santuário será purificado.”  “A visão da tarde e da manhã...cerra a visão, pois só daqui a muitos dias se cumprirá.”

Pedra cortada sem auxilio de mãos – destrói a estatua, vira um monte, enche a terra – reino indestrutível e eterno.                (v. 34-35; 44-45).

Ancião de Dias, tronos, tribunal, livros. Filho do Homem – recebeu domínio eterno, honra e reino único – não destruído. (v.9-10; 13-14)

“...sem esforço de mãos humanas será quebrado.” Nada específico sobre o reino da pedra ou o Ancião de Dias ou o Filho do Homem.

           

 

Vejamos:


Temos como informações que Daniel 2 a 7 foram escritos em aramaico e 8 em diante em hebraico. Vamos analisar, dentro do possível, basicamente considerando o texto em português. 

1 - Sem dados para analisar o tempo de Daniel 8:14 ate o final do capitulo 8, ou seja, precisamos de dados posteriores (capítulo 9 em diante), mas se o termo de 8:13 traduzido por visão se referir a ela como um todo, temos um indício de que seja simbólico;

 

2 – Se o chifre pequeno do capítulo 7 for o mesmo chifre muito pequeno do capítulo 8, temos que tentar verificar se esse padrão se repete e o que há de diferente de um capítulo ao outro. A omissão de Babilônia em nada prejudica a interpretação, mas a omissão  do quarto reino e dos chifres nos fazem pensar se realmente o chifre pequeno e o chifre muito pequeno seriam a mesma coisa.  

Se forem coisas distintas,  temos uma omissão mais clara: Babilônia já estava identificada, e não precisaria de mais explicação,  e o quarto reino e seus chifres não estariam na visão por se referirem a algo a ser revelado ou identificado em capítulo posterior de Daniel, em outro livro ou em período posterior na própria História. Mas se admitirmos que sejam a mesma coisa, temos algo um tanto estranho: no cap. 7 ele aparece depois dos 10 chifres, e no 8 depois dos quatro chifres notáveis,  que seriam as 04 cabeças do leopardo (cap. 7 ).

No entanto, omissões anteriores vimos existirem, pois no cap. 2 a pedra atinge a estátua que contém os 10 dedos, e nada existe dando a entender que haveria um chifre pequeno antes disso, e no cap. 7 aparece esse chifre depois dos 10 chifres, quebrando três desses 10 e agindo por um tempo antes do reino eterno. O mesmo padrão de omissão que teríamos no cap. 8 tivemos no cap. 2, ou seja, omissão entre um reino e outro. 

Quem lê o cap. 2 imagina que após os dez dedos nada mais haveria além do reino eterno, e ao ler o cap. 7 e identificar os 04 animais com as partes da estátua,  percebe-se que algo não foi revelado anteriormente, e foi ampliado em revelação posterior. 

No entanto, não temos reino no 7 que não esteja no 2. No 8, como a ênfase no 1o reino não seria mais necessária (estavam vivendo nele e fora identificado por nome), fica claro o motivo de sua omissão. Mas, estando omisso o quarto reino e seus 10 chifres (o que poderia ser entendido pelo fato dele ter sido explicado no cap. 7, ainda que não identificado, o que não ocorre nominalmente no livro inteiro, e talvez pelo fato da visão se tratar de fatos que ocorreriam, todos, antes dele), fica a dúvida do motivo de, em revelação posterior, o chifre ser identificado  no fim do reinado dos quatro reinos helenísticos (Grécia; Daniel 8:23). Em Daniel 2: 44, diz-se que nos dias dos 10 reis se estabelece o reino eterno (como Daniel 2: 37-38, 7: 17 ,7:23, 8: 21 nos mostram que os termos rei e reino pareciam ser usados como sinônimos, entendemos que nos dias dos 10 reinos (ou seja, não deixariam de existir, apesar do domínio do chifre pequeno) se estabelece o reino eterno.

            Os dois chifres possuem semelhanças:

2.1 - proferirá palavras contra o Altíssimo (7)/ engrandeceu-se até o exército do céu – príncipe o exército; se levantara contra o Príncipe dos príncipes (8);

2.2 - destruirá os santos do Altíssimo (7) / deitou por terra (alguns do exército e suas estrelas), e as pisou (estrelas do exército do céu); destruirá os poderosos e o povo santo (8);

2.3 – cuidará em mudar os tempos e a(s) lei(s) (7) / tirou o contínuo, e o lugar do seu santuário lançou por terra; lançou a verdade por terra; fará prosperar o engano (8);

2.3 – Eles serão entregues nas suas mãos (7)/ O exército lhe foi entregue, com o contínuo, por causa das transgressões (8);

2.4 – destruirá a três reis / destruirá os poderosos os poderosos.

 

3 – “Eles serão entregues nas suas mãos por um tempo, tempos e metade de um tempo.” (Daniel 7:25). Admitindo que “eles” se refira aos santos (talvez pudesse se referir aos santos, tempos e leis). 

O chifre pequeno reina por 3,5 tempos. Em Daniel, temos a visão de 07 tempos:  4: 16, 23 (estes dois versos se referem a visão), 25 (aqui temos a explicação da visão) e 32-34 (inicio e fim do cumprimento). O termo “sete tempos” aparece na visão e no seu esclarecimento, e na voz do céu, e claramente vemos que se trata e um tempo literal de 07 anos.

3.1 – Portanto, a simples alegação de que o termo 3,5 tempos está entre símbolos, e por isso seria simbólico, não prevalece. Daniel 4: 10-17 ocorre claramente em um contexto simbólico, e sabemos que o tempo aqui se cumpriu literalmente;

3.2 – Daniel 2-7 foi escrito em aramaico, e as palavras para tempo nos caps. 4 e 7 são as mesmas e, portanto, não temos nelas base para justificar simbolismo para o tempo no texto de Daniel 7:25;

3.3 - Mesmo admitindo que o chifre pequeno seja um reino (sucessão e reis/líderes), o verso parece se referir ao período de domínio sobre o povo santo, e não ao período total entre início e fim do chifre pequeno, o que não leva, obrigatoriamente, mesmo descobrindo um tempo longo de duração do chifre,  a um período simbólico de domínio sobre o povo santo;

3.4 – Por outro lado, considerando que os outros reinos relatados (ao menos Babilônia) mudaram tempos e leis referentes ao povo de Deus, proferiram palavras contra o Altíssimo ao impor certos costumes e crenças contrários aos mandamentos da Torah, e tiveram o povo de Deus em suas mãos por períodos muito maiores que 3.5 anos literais,  a expressão parece simplesmente perder o sentido de estar enfatizada se a considerarmos literalmente; os eventos do capítulo e do contexto de Daniel não se adequam a um período tão curto enfatizado contra o povo de Deus;

3.5 – Indo por um caminho mais objetivo, temos o mesmo período em Daniel 12:7 (E ele disse ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando será o fim destas maravilhas? E ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, o qual levantou ao céu a sua mão direita e a sua mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, tempos e metade do tempo, e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridasDaniel 12:6,7). 

A grande questão está em saber se a pergunta do anjo se refere a todo o período entre Daniel 11:2 e 12:3 ou se a partir de outro período e se a afirmação após o tempo (“e quando tiverem acabado de espalhar o poder do povo santo, todas estas coisas serão cumpridas”) se refere a outro tempo, indefinido. Pouco provável, senão improvável, que os 3 tempos e meio se refiram a todo o período entre Daniel 11:2 e 12:3, sem um período indefinido auxiliar, tendo em vista que, a partir do levante dos três reis da Pérsia, até agora, o período não satisfaz o tempo decorrido. Logo, os 3,5 tempos não se referem a todo o período.

 

 

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