Penso na diferença entre ser de fato e de direito.
Há pessoas separadas de fato, mas não de direito. Outras, separadas de direito, mas não de fato.
Há aqueles que mandam de fato, mas não de direito.
Há aqueles que mandam de direito, mas não de fato.
E pode haver os que mandam de fato e de direito (mas, nesse caso, creio ser muito mais difícil encontrar, pois exigiria uma habilidade incrível de se opor, resistir às adversidades naturais e provocadas, argumentar com objetividade e profundidade, obter apoios diversos para manutenção do poder, etc). Quanto mais vejo alguém agindo com total descaso (e/ou despreparo e medo) diante das dificuldades e questionamentos, mais me pergunto o quanto é apenas um símbolo de algo que se quer transmitir (como, por exemplo, a mensagem, subentendida ou não, de que ninguém pode se opor àqueles que realmente dominam).
Quem domina, muitas vezes, pode ter medo de ser exposto, de ter exposta sua real vontade. Precisa de símbolos para deixar visíveis ao povo, para verificar como cada símbolo será tratado, como cada decisão deles será interpretada e quais reações ocorrerão.
Hoje, até mesmo grandes países precisam tomar cuidado ao exercer sua soberania, pois há diversas consequências e, portanto, até mesmo se discute se, em algum momento, essa soberania realmente existiu, e durante quanto tempo ela poderia ter se mantido, e se pode se manter hoje em dia. Se um país que ainda é símbolo de alguma força aceita, voluntariamente ou não, tal coisa, vemos que: ou a população está fortemente modificada em suas virtudes e anseios; ou mantém tais coisas, mas não tem mais autoridade real / força real para modificar o que está determinado por alguns.
Até que ponto a democracia realmente existe? Até que ponto a maioria está preparada para decidir? Quanto de mobilização é realmente necessário para que algo parecido com uma democracia exista? São apenas divagações da minha cabeça, talvez. Mas os Poderes tomam para si o direito de determinar o que seus representados devem fazer, independente do que realmente pensem os comandados (não são, portanto, representantes...).
Mesmo querendo, os representados não sabem como agir para conseguir reais mudanças, pois seus representantes minam toda e qualquer tentativa efetiva de mobilização e mudança. Lemos algo nas Leis (e na própria CRFB), que não corresponde ao que dizem os intérpretes (doutrinadores), que não corresponde ao que diz a jurisprudência, que não corresponde ao que será interpretado amanhã, que fica sempre na dependência do "caso concreto" (que é só uma maneira de dizer que não importa o acordado, a decisão sempre estará nas mãos da autoridade, até mesmo quando totalmente oposta ao que a população entende ser direito/correto/produtivo/eficiente/eficaz).
Diante de tudo isso, manter a mente focada para não ceder a todas as pressões já me parece uma vitória.
Graça e paz. Feliz semana.
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